quinta-feira, 2 de agosto de 2007

Lágrimas ocultas...

Devo confessar que hoje me sinto um pouco triste. Não aconteceu nada de "anormal" nem tive nenhum desgosto especifico no dia de hoje...Apenas me sinto triste e as lágrimas são a forma de me expressar...
Alguém me disse, há uns dias atrás, que só colhemos o que plantamos...
Pois é, ás vezes o preço que se paga por um erro inconsciente é demasiado alto. Quando não se consegue voltar atrás no tempo e quando a repetição de um pedido de desculpa também não resolve, então aí aprendemos o quanto as pessoas nos são vitais e o quanto sentimos a falta dos abraços, das palavras, das frases ditas num simples olhar, do nome da pessoa surgir no ecrã do nosso telemóvel...É, sentimos a falta do amigo que magoamos, mesmo tendo sido inconsciente e num momento em que nada era consciente. Sim, eu sei, não há desculpa. Sim eu também sei que as desculpas não se pedem, evitam-se. Sim eu sei que este tipo de desabafos que escrevo aqui também não resolvem e quem sabe ate podem vir a piorar...Não vim aqui escrever para me lamentar e para que as pessoas achem que sou uma "injustiçada",pois não o sou. Errei e sei bem disso e do quanto isso magoou pessoas que amava... A verdade é que precisava de dizer e de partilhar a tristeza que hoje sinto e a razão porque me sinto assim. E esta foi a única forma e a única porta que encontrei aberta para o fazer...
Partilho também este poema, que tanto me tem dito nestes últimos dias e do qual sempre gostei. Tal como de todos escritos por Florbela Espanca...

Lágrimas ocultas

Se me ponho a cismar em outras eras

Em que ri e cantei, em que era querida,

Parece-me que foi noutras esferas,

Parece-me que foi numa outra vida...


E a minha triste boca dolorida,

Que dantes tinha o rir das primaveras,

Esbate as linhas graves e severas

E cai num abandono de esquecida!


E fico, pensativa, olhando o vago...

Toma a brandura plácida dum lago

O meu rosto de monja de marfim...


E as lágrimas que choro, branca e calma,

Ninguém as vê brotar dentro da alma!

Ninguém as vê cair dentro de mim!


(Florbela Espanca)


3 comentários:

erute disse...

Um beijo

Anónimo disse...

Um dia disseram-me que o tempo é o remédio para todos os males.
Até à altura pensava que não, mas de algo maneira comecei a acreditar nas palavras amigas que me foram ditas.
A paciência tem que reinar no teu espirito e a esperança tem que gritar no teu coração.
Tem fé.
Tudo tem solução, por mais que esta demore a chegar.
Beijo*

Cata A. disse...

Adorei o poema que puseste neste post! Passa pelo meu blog, espero que gostes dele tanto como eu gostei do teu