quinta-feira, 22 de março de 2012

Um colocar em palavras o que foi Timor....

Quando regressei de Timor, foi-me pedido que escrevesse um testemunho para publicar no Hora Jovem. Recordo que na altura me foi muito difícil, as palavras por mais belas que sejam, ficam sempre muito aquém daquilo que realmente vivemos e experimentámos...
Lá me esforcei, deitei muitas lágrimas em cada linha (tal era e é a saudade!) e escrevi uma folhita....
Devido à condicionante do espaço no HJ, foi apenas e só publicado um parágrafo e, por isso, decidi publicar na integra o que escrevi, não só por me dizer muito este testemunho (foi escrito ainda muito "lá" e pouco "cá"), mas para que tenham oportunidade de recordar comigo o que foram estes dois anos em Timor :)


"Faz dois meses que regressei de Timor e tenho andado às voltas com o que devia escrever para partilhar convosco aquilo que foi a minha vida / experiência por terras do Sol Nascente…Pensei falar-vos do sorriso da Imaculada, do abraço da Natasha, no espreitar envergonhado do Nana, da Anisa que só falava em dialecto mesmo sabendo que eu não percebia nada, da Profeita que chegou sem andar e que depois pôs todos a correr atrás dela, da D. Filomena e da sua dedicação, do Sr. Malaquias e da sua sonora gargalhada… Podia, podia mesmo falar-vos de pessoas e gestos concretos que experimentei em Timor Leste… Mas, para isso precisaria de um livro J

Digo-vos que parti para Timor cheia de projectos, sonhos e desejos. Cheguei lá, parei, entreguei nas mãos de Deus e fui estando e vivendo, conforme Ele quis… Amei cada pessoa como um ser único e especial, e fui ao mesmo tempo uma filha muito amada por cada pessoa com quem estive. Vivi numa relação íntima com Deus Pai e isso ajudou-me a superar aqueles momentos menos bons, que se vivem em qualquer parte do planeta. Ensinei e fui ensinada. Ajudei e fui ajudada. Dei e recebi. Fui ao encontro do outro e deixei que ele viesse ao meu encontro. Encontrei-me n’Ele, por Ele e com Ele. Encontrei-me comigo mesma. Cresci. Chorei de amar tanto alguém. Aprendi a valorizar ainda mais a vida. Aprendi a ser grata pelas maravilhas que temos no nosso dia-a-dia.

Em Laclubar não há luz, muitas vezes não há água, não há bons acessos rodoviários, não há internet nem “facebook”, não há tantas daquelas coisas que nos são tão essenciais no nosso dia-a-dia apressado. Mas em Laclubar há algo que muitos de nós já não sabemos o que é: há SEMPRE tempo para os outros, há partilha de vida, de sentimentos, há coerência entre o sentir e o viver, há humildade e simplicidade, há amor em cada recanto daquele país! Em Laclubar, bem no meio da montanha, onde não chegam as tecnologias nem as modernices, há um povo meigo, doce, sofrido mas amável, que nos faz sentir parte daquela terra, daquelas gentes, que nos faz sentir família… Em Laclubar, há “pouco” materialmente falando, mas há uma riqueza tão grande de vida que se faz vida na vida dos outros!

A melhor forma de vos dizer de que forma estes dois anos mudaram a minha vida, é naquilo que eu vou ser daqui para a frente, a forma como quero viver agora, aqui mesmo no nosso país, é no querer mesmo “gastar a vida toda” na entrega aos outros, onde quer que eu esteja. Timor mudou a minha vida totalmente, mudou o meu coração, mudou tudo em mim! E acima de tudo, Timor ensinou-me a ser feliz, fazendo o que podemos, com o que temos, onde estivermos!

E regresso grata, muito grata, a este Deus de Amor que nos leva sempre mais longe, que nos ensina que ser hospitaleiro é mesmo isto, ser COM o outro!

“Obrigada Timor Leste, por ter partido a pensar que mudava o mundo e por ter regressado a saber que o mundo me salvou a mim”.

Catarina António, LMH"

sábado, 17 de março de 2012

Tentei...Pensei....Recomecei...

Tentei começar a fazer remodelação total aqui no blog, mas como mais algumas coisas foi ficando pela metade...
Depois pensei fechá-lo, não escrever mais lá e um destes dias, se assim se justificasse, criar um novo...
Acho mesmo que já poucos o devem ler....
Não tive coragem de o encerrar... Fala de mim, do meu caminho, da minha vida, do que sinto, do que vivo, do que amo, do que odeio...
Tenho pena de não ter aquela vontade inicial para escrever.
Talvez porque por estes dias não há muito que partilhar.
Acredito estar prestes a iniciar nova aventura, novos caminhos de Deus e d'Ele....
Vou tentar ser mais fiel na escrita, sem grandes promessas...