segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

Palavras certas no dia certo...

Quando o meu coração está mais dolorido, sempre encontro alento em Deus Pai.
Desta vez, não O procurei. Foi Ele quem veio ao meu encontro, através das palavras do Padre Alexandre, aqui em Aparecida do Taboado. Foi Ele quem me procurou, me falou e me abraçou!

E ao chegar a casa, numa passagem rápida por alguns blogs e facebooks, dei de caras com este texto que também me respondeu...

Passados quase três anos da partida da minha querida "mana" Rosália, da minha metade, da minha confidente, amiga,irmã, daquela com quem eu falava de tudo e com quem ia para todo o lado, eu ainda não sei como lidar com a saudade, ainda não sei como esquecer o seu sorriso, o tom da sua voz, o calor do seu abraço... É verdade amig@s, eu, que sou católica, que creio na vida eterna e que creio firmemente que ela está serena, em paz, num lugar melhor, e nos braços de Deus Pai, ainda não sei como lidar com a falta que ela faz na minha vida, com a falta que ela faz no meu dia-a-dia....
Hoje acordei a cantar uma música, a sorrir, e peguei no telefone para escrever uma mensagem para quem? Pois é, era para ela...Quase que a enviava, pois o número dela ainda está no meu celular e o meu coração ainda o sabe de cor...

E eis que Deus me colocou este texto "na frente dos olhos" que diz tudo aquilo que eu sinto....Obrigada Miguel Esteves Cardoso, por escreveres aquilo que eu não sabia expressar....


"Como é que se Esquece Alguém que se Ama?
Como é que se esquece alguém que se ama? Como é que se esquece alguém que nos faz falta e que nos custa mais lembrar que viver? Quando alguém se vai embora de repente como é que se faz para ficar? Quando alguém morre, quando alguém se separa - como é que se faz quando a pessoa de quem se precisa já lá não está? 
As pessoas têm de morrer; os amores de acabar. As pessoas têm de partir, os sítios têm de ficar longe uns dos outros, os tempos têm de mudar Sim, mas como se faz? Como se esquece? Devagar. É preciso esquecer devagar. Se uma pessoa tenta esquecer-se de repente, a outra pode ficar-lhe para sempre. Podem pôr-se processos e acções de despejo a quem se tem no coração, fazer os maiores escarcéus, entrar nas maiores peixeiradas, mas não se podem despejar de repente. Elas não saem de lá. Estúpidas! É preciso aguentar. Já ninguém está para isso, mas é preciso aguentar. A primeira parte de qualquer cura é aceitar-se que se está doente. É preciso paciência. O pior é que vivemos tempos imediatos em que já ninguém aguenta nada. Ninguém aguenta a dor. De cabeça ou do coração. Ninguém aguenta estar triste. Ninguém aguenta estar sozinho. Tomam-se conselhos e comprimidos. Procuram-se escapes e alternativas. Mas a tristeza só há-de passar entristecendo-se. Não se pode esquecer alguem antes de terminar de lembrá-lo. Quem procura evitar o luto, prolonga-o no tempo e desonra-o na alma. A saudade é uma dor que pode passar depois de devidamente doída, devidamente honrada. É uma dor que é preciso aceitar, primeiro, aceitar. 
É preciso aceitar esta mágoa esta moinha, que nos despedaça o coração e que nos mói mesmo e que nos dá cabo do juízo. É preciso aceitar o amor e a morte, a separação e a tristeza, a falta de lógica, a falta de justiça, a falta de solução. Quantos problemas do mundo seriam menos pesados se tivessem apenas o peso que têm em si , isto é, se os livrássemos da carga que lhes damos, aceitando que não têm solução. 
Não adianta fugir com o rabo à seringa. Muitas vezes nem há seringa. Nem injecção. Nem remédio. Nem conhecimento certo da doença de que se padece. Muitas vezes só existe a agulha. 
Dizem-nos, para esquecer, para ocupar a cabeça, para trabalhar mais, para distrair a vista, para nos divertirmos mais, mas quanto mais conseguimos fugir, mais temos mais tarde de enfrentar. Fica tudo à nossa espera. Acumula-se-nos tudo na alma, fica tudo desarrumado. 
O esquecimento não tem arte. Os momentos de esquecimento, conseguidos com grande custo, com comprimidos e amigos e livros e copos, pagam-se depois em condoídas lembranças a dobrar. Para esquecer é preciso deixar correr o coração, de lembrança em lembrança, na esperança de ele se cansar. "

Miguel Esteves Cardoso, in ‘Último Volume’

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